Investigadora Marisa Almeida está a coordenar um consórcio internacional que tem por missão a captura de redes perdidas durante a pesca, através de geolocalizadores acústicos a inserir na malha. À deriva no mar ou presas nos rochedos, as redes ‘fantasma’ são armadilhas para as espécies marinhas e um atentado ambiental ao transformarem-se em microplásticos. Projeto ‘NetTAG’ é financiado em € 400 mil pela UE
Uma equipa de investigadores ligados às ciências do mar e pescadores da Póvoa do Varzim e de Vigo têm em curso uma pesquisa conjunta que visa o resgate milhares de redes perdidas durante a faina em pequenas embarcações costeiras ou de arrasto em alto mar. Ninguém sabe ao certo quantas toneladas de redes e outro tipo de ‘gaiolas’ de pesca de moluscos ou crustáceos navegam à deriva ou se fixam nas rochas, “constituindo verdadeiras armadilhas” para toda a espécie de peixe, tartarugas ou golfinhos que acabam por morrer enredados nas malhas.
“Essas redes ou pedaços de redes que se rasgam por desgaste natural ou danificadas por lixo marinho continuam a pescar, numa atividade fantasma que não alimenta ninguém, nem tem retorno económico para quem vive do mar”, alerta Marisa Almeida, investigadora sénior do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto e coordenadora do projeto NetTag, que arrancou em janeiro de 2019 e estaria concluído em dezembro próximo, se os ensaios de monotorização no mar não tivessem derrapado devido a “constrangimentos da pandemia”.
A investigação, financiada em € 400 mil pela European Maritime and Fisheries Fund (EMFF), através da Executive Agency for Small and Medium-sized Enterprises (EASME), é dirigida numa dupla vertente: uma dedicada a ações de prevenção da poluição dos oceanos, outra de desenvolvimento de uma nova tecnologia para resgatar as chamadas ‘redes fantasma’ perdidas no mar.
FONTE: Expresso